quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Robocop

Estava com sono, mas tinha a força de vontade da juventude. Estava ansioso. Finalmente iria assistir ao filme que todos falavam. Até os mamonas. Deveria ser tão bom quanto Tartarugas Ninjas. Ou um Power Rangers, só que sem monstros. Robocop deve ser o máximo! Pensou. Iria passar em tela quente.

Esperou a novela das sete acabar. Esperou o jornal Nacional acabar. A novela das oito. E então, finalmente começou o filme. Um robô fuzilou um cara, e as testemunhas não deram a mínima para o acontecido. O garoto ficou chocado. Acho que estou vendo o filme errado – pensou.

Assistiu um pouco mais, e então teve a certeza que estava vendo o filme errado. É, realmente estou vendo o filme errado. Desligou a TV e foi dormir. Teve pesadelos. Estava assustado. O filme havia roubado sua inocência e sua paz de espírito. Pensou no descaso como foi tratada a morte humana por um robô. Indignou-se. Que filme horrível! Mas ainda estava louco para assistir Robocop. Decidiu pedir à sua mãe para locar o filme no final de semana.

No dia seguinte foi à escola. Todos os coleguinhas comentavam animados. Descobriu que era mesmo o filme certo. Oh não! Quando lhe perguntaram, mentiu dizendo não ter assistido por causa do sono. Era difícil admitir que tinha achado Robocop chocante demais. Isso seria suicídio social.