quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

história de amor

Então, estava de boa na lagoa quando a pedi em casamento, é claro que ela aceitaria, nós nos amávamos, era divertido, mas não, ela recusou, e tem horas que um relacionamento chega num ponto que ou ele progride ou acaba, e então ele acabou quando a falta do passo maior o podou, e eu não fiquei bem com isso. Não, de jeito algum, eu fiquei mal, e mal ainda estou, tudo vai mal, nada vai bem, eu não estou bem. E então ela vem e me pergunta, por que esses pontos tem que aparecer, quer dizer, essas fronteiras a serem ultrapassadas, que se não forem, acabam com tudo? Isso só existe dentro das nossas cabeças, e então ela me abraçou e ficou ao meu lado, e eu desejei que ela tivesse feito isso a 5 meses atrás, evitaria todo o sofrimento e toda a dor, e toda a dúvida, mas vai ver nem ela sabia, vai ver só agora descobriu, e digo, ela é esperta, digo mais, ela é espertíssima, pois eu jamais descobriria isso sozinho, mas que importa isso, ela está aqui comigo, e tudo será como antes, ou não, eu realmente não sei, mas eu estou tão feliz, agora eu estou bem novamente.



E uma semana se passa e lá vem ela novamente falar em casamento, e então me disse que eu estava certo, que tudo caminha para isso, anos de sociedade nos deram todos os sinais de que esse é o destino absoluto, que era o que ela queria, não pela sociedade, mas ela queria, e a sociedade apoiava, ficaria feliz com isso, seríamos felizes. E então eu penso: que coisa! Então eu não estava errado, e sim ela, agora estou confuso, e foda-se o sentido disso, tudo vai ser o mesmo, vamos casar. É tão estranho, visto que á moramos juntos a 7 anos, se não contarmos a pausa de 6 meses, talvez seja apenas um motivo para festa e viagens.



Dezenove anos depois nos encontramos discutindo na área de serviço, mais uma vez seriamente. Alguns minutos depois estava pegando as minhas coisas, saindo de casa, e então só nos encontramos de novo no decorrer do processo doloroso do divórcio para resolver coisas a respeito do processo doloroso do divórcio, que não foi tão doloroso pois não tivemos filhos. Eu particularmente desejei ter tido um ou dois, durante os anos posteriores, assim saberia dela, como vive, teria uma desculpa para vê-la. Mas por que tenho que arranjar desculpas para ver alguém que amei e com quem convivi por vinte e oito anos? Então eu a procurei, encontrei a sua casa, foi fácil, amigos em comum, ela tinha um namorado, conversamos amavelmente, oh, como eu sentia a sua falta, talvez ela sentisse a minha, relembramos os velhos tempos sem mencionar romances ou namoros, apenas fatos, lugares visitados, festas de amigos, lamentamos a morte da minha mãe, e ela tentava fazer com que a umidade extra que surgia em seus olhos não se acumulasse e descesse, e então piscava todo o tempo. E então eu fui embora. Fiz isso mais umas 5 vezes antes do final da vida. Mas um dia a gente morre, desejei vê-la mais uma vez, mas tudo o que vi foram alguns amigos e a enfermeira simpática.

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