sexta-feira, 17 de julho de 2009

Desumanidade

Das injustiças mais injustas que acontecem no mundo, como a incontrolável obsessão das pessoas em isolar o pobre do X, a pior é substituição insensível e cruel da colher pelo garfo e faca. No início há peitos e leites. E depois elas aparecem, nossas leais amigas. Chegam planando em vôos pela Mother airlines diretamente para nossa boca com qualquer cosia batida. Depois permanecem conosco em nossa fase de comer sozinhos, agüentando nossa falta de tato e coordenação motora, nossa baba e nossa revolta quando as jogamos ao chão. Elas nos ajudam a melar a nossa roupa, e servem até mesmo de ferramentas. Aí, um dia, simplismente, cruelmente, desumanamente, demoniacamente as trocamos. O garfo e a faca. Os usurpadores. Imaginem o que elas sentem, a sua dor, antes presentes em nossa vida, agora desprezadas, servindo meramente para derramar comidas em nossos pratos, apoiadas à borda de panelas.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Cheiro de baunilha

Interessante o cheiro de baunilha e a facilidade de se estacionar um pouco mais adiante perto das árvores que gotejam pingos d’agua pós chuva, raindrops keep falling on my head, interessante o cheiro de baunilha e o mar, o mar o mar o mar o mar. Então cookies molengos com chocolate que não derreteu e outra tentativa, dessa vez cookies deliciosos e não tenho cabelo, agora pareço uma modelo, e uma pega no sono, delineador sempre respinga nos olhos, e há caramurus, e então comer é vida, grama boa não pinica, formigas não morrem tão facilmente, apesar de minúsculas, experiências invaginativas, uma primeira vez para tudo, ou segunda, pois que não estou grávida, 2 reais em cada bolso, certos biquínis combinam, outros não, de qualquer forma só há um óculos escuro, e ou se usa óculos ou se dá risada, a prefere-se a segunda opção, então o mar novamente, dessa vez de perto, nenhum caramuru avistado, mitologias discutidas, a Meyer é burra, fiquei estupefata, então areias nos pés e calcinhas sendo usadas como shorts, azul piscina da piscina de fato muito azul, ao sol, um sugador de formato suspeito, caramuru, então as fotos da festa ficaram ótimas! E peitos. Oh, sim, peitos, e bicos. E bitocogloss. E então saquinhos plásticos. Experiências desinvaginativas. E então novamente o cheiro de baunilha, mas há outros dessa vez, e o mar o mar o mar o mar, o salitre mais corrosivo do mundo, e a facilidade de estacionar um pouco mais adiante perto das árvores, e despedidas antes do fim pois não haverá despedida no fim, e então é só atravessar a rua na faixa de pedestres.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Coentro




Fui comprar coentro. Eu odeio comprar coentro, odeio de verdade, tenho que trocar de roupa, eu odeio ter que trocar de roupa. Tenho que atravessar a rua num lugar em que eu não gosto, eu odeio atravessar a rua naquela curva, tenho antipatia por ela. E isso tudo só pra comprar um pouquinho de mato por 0,50. Ainda vou ter que trocar meu dinheiro pra ficar chia de moedas. E hoje ainda estava chovendo, ou seja, poças de lama, pessoas mal humoradas, guarda-chuvas.
Não, não posso ser assim, ou terei que usar Renew mais cedo do que espero.
Fui comprar coentro. O moço que vende coentro fica tão pertinho daqui de casa, que fui e voltei e a música que estava ouvindo ainda não tinha acabado, que, a despeito de ser de metal, só tinha 4 minutos. Caia um chuvisquinho gostoso, naipe de garoa paulistana. A “conta” deu 1 real, logo recebi o troco em cédulas.
Chegando ao portão de casa, pus a mão no bolso em busca da chave. Acabei por tentar fazer a fechadura do portão ler o Salvadorcard e me deixar entrar por 1,10. Que burrice! Achei as chaves e entrei. Dona Maria me recebe com um sorrisinho sem graça. Helen, esqueci de dizer que precisa comprar azeite de dendê também, para fazer a moqueca.
À porra com o azeite! 

So for now wave good-bye
leave your hands held high
Hear this song of courage long into the night.