quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Bilu Bilu Tetéia

- Bilu...
- Pára, Afonso!
- Bilu...
- Pára, eu já disse que não quero.
- Bibiluuuu...
- Isso não tem graça!
- Biluuuu...
- Já disse pra parar, parece criança pequena!
- Biluuu...
- Nããão!
- BILUUUUU!
- Pár HAHAHA! Párahahaha! Eu não hahaha NÃO HAHAHOEHEOEHE!
- BILU! BILU! BILU! BILU! BILU TETÉIA!
- MOHEEHEOEH HAHAHAAHAHA hoahaha hahaha! Por favor pááára!
- ....
- hahah, eu já disse que não aha gosto de cosquinha.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Relações sociais I


Ah, que droga, a Clara. Vou ter que falar com ela.

 

- Clarinha, amiga! Você por aqui? 

Clara sorri amorosamente. Não, to na casa da sua mãe. 

- Ta perdida? 

- Não, menina, vim fazer umas comprinhas, e você? 

Bem que ela ta precisando fazer umas comprinhas, já vi esse vestido nela pelo menos umas 15 vezes. Ela não tem outro não? 

- Vim pegar um cineminha, vou me encontrar com um pessoal legal lá em cima. 

Pessoal legal, sei, aquelas meninas retardadas com quem ela anda agora depois de ter sido limada da galera. 

Clara: Então bom cinema, amiga, deixa eu ir que eu to com pressa! 

Ai, graças a Deus que ela não quis ficar conversando. 

- Tchau, amiga! 

- Tchauzinho! 

Beijam-se de bochecha. 

Vadia. 

Vadia.

O não ocorrido com a garota do vômito ou Pequena e desinteressante narração não-romântica de um romance com a garota do restaurante.

Seu cabelo fedia a cigarro, e estava bagunçado. Mas ela estava linda. E sozinha. E bêbada. Muito animada. Ela era perfeita (talvez fosse o efeito da minha cerveja tornando as coisas mais bonitas). Nem notou que passei a noite toda olhando pra ela. Ela era a única coisa interessante daquele lugar fechado, barulhento, e cheio de fumaça. Às vezes eu não gosto de ser fumante passivo. Quase sempre eu não gosto. Fui pegar outra cerveja. É importante ter algo nas mãos, disfarça o quão deslocado você está.

 

Meu amigo desapareceu com uma garota. Eu estava só, assim como ela. Quem será que tinha desaparecido para ela? Ela não parecia ligar. Meu amigo voltou. Parece que a garota dele tinha ido ao banheiro. Curtindo o show? Ele me perguntou. Contei-lhe sobre a garota. Chega nela, cara. Não é tão difícil assim, ela está bêbada, e sem ninguém por perto, não tem ciência. Vai lá. E foi embora atrás da sua.

 

É fácil chegar nela, ela está bêbada, ela está bêbada ela está bêbada, pensei enquanto caminhava em sua direção, ela está bêbada ela est... E aííí?! Ela me perguntou afetadamente. É, não é difícil chegar numa bêbada. E... Aí? Sozinha por aqui? Que sozinha, olha quanta geeente! E sorria. Sorria meio que afetadamente. Me agarrou e me deu um beijo. Mmm. Bom, bom. Cantou um pouquinho, trocamos 3 palavras, outros beijos, até que ela me largou e saiu correndo, em direção a rua.

 

Pensei umas quatro vezes. Fui atrás. Lá estava ela, na escada de saída, ponto toda sua euforia para fora, formando poças nos degraus. Não era bonito de se ver. Ficou assim por um tempo. Me viu. Sorriu amarelamente, dessa vez. Vou buscar água, eu disse. Trouxe água mineral pra ela. Ela vomitou de novo. Melou o gargalo da garrafa. Você é brother, ela me disse. Meu amigo apareceu, já queria ir embora. Fui com ele. Deixei ela lá. Minha consciência pesava. Mas afinal, que idiotice, ninguém mandou beber demais. É ridículo. Ela agarra caras desconhecidos, fica gritando em shows. Não é uma menina confiável. Deus sabe se não aconteceu nada a ela. Quê que eu estou falando, eu nem acredito em Deus. 

-

 Acordei 11 da manhã do dia seguinte. Não tinha almoço em casa. Fui comer no shopping. Quem sabe mais tarde pego um cineminha com alguém da minha lista de contatos? Preciso comprar meias. Não tem ninguém ligável na minha lista de contatos. Peguei meu almoço, no mesmo lugar de sempre. Devo ser um chato metódico. Maldita praça de alimentação lotada. Até que há lugares nas mesas, mas não gosto de almoçar ao lado de desconhecidos. Bem, melhor do que ficar em pé com a bandeja.

 

Boa tarde, moça, posso me sentar aqui? Pode sim, não tem ninguém. Ela tomava um chá gelado. Minha comida estava muito gostosa. Almoçando no shopping de novo, heim? A moça perguntou. Hãm? Eu trabalho no restaurante que você sempre come. Quer dizer, não hoje. Quer dizer, eu trabalho lá, mas não hoje. Você está com a mesma camisa de sempre, fácil te reconhecer, ahaha. Ai meu deus, eu pensei. A mocinha do restaurante tava dando em cima de mim. Mas... ela era tão... sem graça. Não por ser do restaurante. Tão normalzinha. Acho que ainda estava com a bêbada na cabeça. Ah, oi. Conversamos levianamente. Ela me contou sobre estar gripada. Mas já tá melhor? Perguntei. Ah, sim, melhorzinha. Melhorzinha, normalzinha, sem gracinha. Tudo nela era no diminutivo, e não no sentido carinhoso da palavra. Ela não tinha graça alguma. Tomava seu chá gelado de forma sem graça, me olhava de forma sem graça, era alguém, de fato, sem graça. Mas era melhor uma acompanhante sem graça pro cinema do que nenhuma. Querverumfilme? Hãm? Quer, hum, ver um filme, agora, depois do almoço, quer dizer, do chá? Ah, pode, pode ser, a depender do filme.

 

Então nós vimos o filme. Ela dormiu. Batemos perna no shopping, conversamos sobre muitas coisas, nada muito interessante, nada nela era muito interessante, como se eu fosse interessante. Nos vimos outras vezes. Nada muito empolgante. Começamos a namorar.

 

Estranho. Era, não sei, como assistir a um filme que nem era ruim, nem era legal. Simplesmente as coisas aconteceram. Era um relacionamento sem graça. Fomos ao mesmo lugar do show da bêbada. Ela nem bebeu, a do restaurante. Não que eu quisesse isso. Ela não parecia gostar muito de mim. Eu não gostava muito dela. Não sei por que estávamos juntos. Uma vez, por estar atarefados ficamos sem nos ver por uma semana, e paramos de nos ligar, foi algo meio repentino, coisa de uma semana e meia. Então supus que tínhamos terminado. Perdemos o contato. Quem é que perde contato com a namorada? Estranho. Era um relacionamento sem graça. Sem objetivo.

 

Gosto de fantasiar o que teria acorrido entre mim e a garota do vômito. Um affair de pouco tempo. Intenso, mas que acabaria. Nos separaríamos entre um vômito e outro. Daria uma história muito melhor.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Querida agenda


Querida e velha  agenda:

Sei que você foi projetada para organizar o dia de alguém atarefado, com sorte, alguém importante, um executivo, talvez. Bem, esse alguém não sou eu, você sabe disso a algum tempo.  Uma outra agenda talvez adorasse o fato de eu não ser um executivo. Quebrar os planos do destino, nada de reuniões, servir de diário para dias interessantes e loucos. Mas você parece ser daquelas bem conservadoras. Bem, console-se, se não organizo meus compromissos em você, também não irei escrever sobre dias interessantes e loucos, afinal  eu não tenho dias interessantes e loucos e nem  perseverança (e saco) suficiente para manter um diário. Na realidade, são raros os momentos em que me ponho a escrever algo. Por esse motivo é que estamos em 2009 e ainda estou em 13 de Abril de uma agenda 2004 – você. Na realidade, eu nunca te teria se não a tivesse ganhado de brinde da Algeco Contêineres. Bem, isso é tudo. Só achei que te devia algumas explicações após os rabiscos de músicas, desenhinhos, e duas folhas arrancadas.

Flávio.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Marta Viaja





-  Horas desconfortáveis dentro do carro. Sacolejos desconjuntantes na estrada de barro. Por fim, chega-se ao ‘paraíso’. O assoalho reluzente trocado por terra, grama e lama. A king Size por um colchonete mofado. A cobertura por uma minúscula barraca azul. A artística porta de mogno entalhada por um orifício controlado por Zippers. O closet por uma insuficiente mala, contendo roupas amassadas. O banho de espumas por uma fria bica coletiva, com sapos e sangue sugas Bigbrotheando. Tratamentos de pele por empolações alérgicas. Banquetes por sanduíches, companhias agradáveis por mosquitos, e o pior, banheiro por... mato! Definitivamente, George, Acampar não é o meu forte!

 

- Desculpe, amor D: