domingo, 28 de fevereiro de 2010

Quem na realidade era Cachinhos Dourados?

Discorramos sobre este questionamento filosoficamente complexo, para elevarmos a nossa capacidade de discernimento. Para isso pontuaremos ponto por ponto da história, e veremos que tipo de moral tinha essa menina loira. Estejam sempre em mente que foi Cachinhos Dourados quem escreveu a história, e que os Ursos são pobres animais ignorantes, iletrados, que não fazem a menor ideia do que andaram falando por aí sobre o que lhes aconteceu.

"Era uma vez, o Papai Urso, a mamãe Urso e o Pequeno Urso. A família Urso morava em um chalé bonitinho no coração da floresta. Num belo dia, pela manhã, a mamãe Urso fez uma sopa muito gostosa para ela e sua família, como costumava fazer sempre, pois eles gostavam muito de sopa."

Primeiro fato suspeito – Como Cachinhos Dourados sabia das relações familiares, que havia uma mamãe, um papai e um pequeno Urso? Como sabia que era um costume da família tomar sopa? Como sabia que a sopa era muito gostosa? Uma prova de que ela andou bisbilhotando, vigiando, investigando a vida da família Urso, e digo mais, que andou provando a sopa, colocando suas papilas gustativas onde não foi chamada.

"Acontece que a sopa estava muito quente, então a mamãe Urso propôs que eles fossem caminhar um pouco, até que a sopa esfriasse."

Quem faria isso? Uma sopa chega a uma temperatura aceitável à boca muito mais rápido do que o tempo de uma caminhada. Essa foi a desculpa esfarrapada e subestimadora da inteligencia dos leitores que Cachinhos Dourados deu. Ela, na certa, bolou alguma coisa para chamar a atenção da família e tirá-los de casa, como ter feito uma ligação estratégica do seu V3 rosa (sim, estava super a moda na época, e Cachinhos Dourados é o tipo de menina loira influenciável pelo modismo vigente) dizendo que o primo Urso estava ferido do outro lado da floresta, ou algo semelhante.

"Enquanto os ursos passeavam, apareceu pelos arredores de seu chalé uma bela menina chamada Cachinhos Dourados, que era assim chamada por ter lindos cabelos loiros cacheados. Ela morava do outro lado da floresta, num vilarejo, e tinha o mau hábito de sair de casa em caminhadas vespertinas sem avisar a seus pais."

Notamos aqui o pecado do orgulho. Como diriam os meus conterrâneos, Cachinhos Dourados era do tipo que “se achava”. Nota-se, através de sua necessidade de exaltar suas qualidades capilares, um complexo com suas madeixas, afinal todos sabem que na verdade o seu cabelo era castanho e que ela o tingia com Imédia Excellence Creme N° 01 Louro Muito Muito Claro Natural, e que seus cachos eram de Babyliss. Em seguida, percebendo que exagerou, tentou parecer mais humilde ao dizer que morava num vilarejo do outro lado da floresta. Na realidade ela morava em um condomínio fechado que se dizia “eco” por se localizar perto da floresta, mas que de ecológico não tinha nada, pois foi derrubada 15% da vegetação nativa para a construção da área de lazer do condomínio. Sobre sair de casa em caminhadas vespertinas, há! Quem ela quer enganar? Quase uma Paris Hilton, desde seus 13 anos seus pais não se preocupam mais, sabem que uma hora ou outra ela vai aparecer em casa, ou no hospital, ou irão ligar do juizado de menores avisando que a encontraram caída na rua. De qualquer forma sua mãe se preocupava mais com botox, sapatos e garotos que limpam a piscina, e seu pai, com a secretária (que por acaso também tingia o cabelo com Imédia Excellence Creme N° 01 Louro Muito Muito Claro Natural).

"Quando se aproximou da casinha dos Ursos, estava muito cansada de tanto andar, e resolveu bater na porta do chalé para pedir um copo d'agua."

E para que serviu todo esse tempo de academia?

"No entanto, ninguém lhe respondeu, nem veio abrir a porta. Percebendo que a porta não estava trancada, resolveu entrar."

Agora, pensem consigo mesmo. Isso é coisa que uma pessoa de bem faça? Invadir a casa alheia? E não teria ela medo do que poderia encontrar por lá? Claro que não, pois fora ela quem, com uma ligação falsa, os colocou para fora.
"Ao adentrar o chalé, se deparou com uma mesa forrada com uma bela toalha xadrez, e acima da mesa três tigelas de sopa. Como estava com muita fome, e não viu ninguém na casa, resolveu provar a comida. Provou, então, o mingau da tigela maior, mas achou-o muito quente. Provou o da tigela do meio e achou-o muito frio. Provou o mingau da tigelinha menor e achou-o delicioso, não resistiu e comeu-o todo."

Mimada e irritantemente exigente, maculou três tigelas quando só aproveitou realmente uma. E as crianças morrendo de fome na África!

"Depois de comer, Cachinhos Dourados se sentiu cansada, e, avistando três cadeiras, resolveu se sentar.
Achou a primeira cadeira muito grande e levantou-se a seguir. Sentou-se, então, na cadeira do meio, mas achou-a desconfortável e ainda grande demais. Sentou-se na cadeirinha menor e achou-a muito confortável e num bom tamanho. Porém, sentou-se tão desajeitadamente que a quebrou. Ainda cansada, Cachinhos Dourados resolveu subir às escadas."

Essa menina usa o cansaço como desculpa para tudo. Na realidade ela era bulímica e subiu a procura de um banheiro para vomitar a sopa do pobre Ursinho.

"Encontrou um quarto com três caminhas, uma grande, uma média e uma pequena. Tentou deitar-se na cama maior, mas achou-a muito dura (naturalmente, pois o papai Urso tinha problemas de coluna). Deitou-se na do meio e achou-a macia demais. Deitou-se na menor e achou-a muito boa. Estava tão cansada que não resistiu e acabou pegando no sono. Enquanto Cachinhos Dourados borestava, a família Urso retornou ao lar. Foram direto à cozinha para tomar a sopa, que era o café da manhã. Estranharam a porta aberta, e logo perceberam que alguém havia estado ali.
- Alguém mexeu no meu mingau! - rosnou o Papai Urso.
- Alguém comeu do meu mingau! – disse brava a Mamãe Urso.
- Alguém comeu todo o meu mingau! –gritou o Pequeno Urso.
Papai Urso voltou o seu olhar para a sua cadeira e exclamou:
- Alguém sentou na minha cadeira!
Mamãe Urso, reclamou:
- Alguém também sentou na minha cadeira!
O Pequeno Urso, chorando, disse:
- Alguém quebrou a minha cadeirinha!
Os três subiram as escadas, e foram em direção ao quarto.
Papai Urso olhou para sua cama e perguntou:
- Quem deitou na minha cama?
Mamãe Urso olhou para sua cama e disse:
- Alguém esteve deitado na minha cama e deixou-a bagunçada!
O Pequeno Urso, indignadíssimo, gritou:
- Alguém está deitado na minha caminha!
Cachinhos Dourados acordou com o grito do Pequeno Urso.
Ficou muito assustada ao ver os três ursos bravos olhando para ela."

Primeira coisa: o fato dela ter escolhido a sopa, a cadeira e acama do ursinho, demonstra que ela tem um profundo complexo de inferioridade. E Ahh! Ela ficou assustada, foi? E como ficaram então os pobres Ursos ao ver sua casa invadida, principalmente o mais prejudicado deles, o Ursinho, ao ver uma estranha oxigenada deitada em sua cama, logo após de ver seu prato vazio e sua cadeirinha quebrada? Que sentiram eles? Mas não, Cachinhos Dourados é egocêntrica, só pensa nela, no que ela sente. Eu, eu, eu, eu.

"Seu susto foi tão grande que em um só pulo saiu da cama e já estava descendo as escadas. Mal deu tempo para que os ursos piscassem os olhos. Num segundo pulo, Cachinhos Dourados pulou a janela e saiu correndo pela floresta, rápida como o pensamento."

Onde foi parar todo o cansaço? Como uma menina bulímica conseguiu ser tão ágil, como alguém que acabara de acordar conseguiu ser tão ativo? O nome disso, amigos, é cocaína.

"Depois desse enorme susto a menina aprendeu a lição, nunca mais fugiu de casa, muito menos entrou em casa de ninguém sem ser convidada."

Enorme susto, sei. Aprendeu a lição, aham. Isso é o que ela diz. A realidade é bem diferente, sua versão da história é altamente duvidosa, cheia de furos e degradante a imagem dos ursos. Pode-se concluir que Cachinhos Dourados é uma farsa, uma drogada bulímica e mimada garota. Eu vos exorto, amigos, pensem nas coisas que te dizem, não aceitem apenas um lado da história como verdade. E sempre tranquem bem sua porta antes de sair para uma caminhada.

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Nota notável - A idéia disso surgiu com a pergunta de Roberto, vulgo Totó, no formspring. A pergunta era: "Era Cachinhos Dourados uma ladra?", ou algo semelhante. Valeu Totóvisk!



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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

história de amor

Então, estava de boa na lagoa quando a pedi em casamento, é claro que ela aceitaria, nós nos amávamos, era divertido, mas não, ela recusou, e tem horas que um relacionamento chega num ponto que ou ele progride ou acaba, e então ele acabou quando a falta do passo maior o podou, e eu não fiquei bem com isso. Não, de jeito algum, eu fiquei mal, e mal ainda estou, tudo vai mal, nada vai bem, eu não estou bem. E então ela vem e me pergunta, por que esses pontos tem que aparecer, quer dizer, essas fronteiras a serem ultrapassadas, que se não forem, acabam com tudo? Isso só existe dentro das nossas cabeças, e então ela me abraçou e ficou ao meu lado, e eu desejei que ela tivesse feito isso a 5 meses atrás, evitaria todo o sofrimento e toda a dor, e toda a dúvida, mas vai ver nem ela sabia, vai ver só agora descobriu, e digo, ela é esperta, digo mais, ela é espertíssima, pois eu jamais descobriria isso sozinho, mas que importa isso, ela está aqui comigo, e tudo será como antes, ou não, eu realmente não sei, mas eu estou tão feliz, agora eu estou bem novamente.



E uma semana se passa e lá vem ela novamente falar em casamento, e então me disse que eu estava certo, que tudo caminha para isso, anos de sociedade nos deram todos os sinais de que esse é o destino absoluto, que era o que ela queria, não pela sociedade, mas ela queria, e a sociedade apoiava, ficaria feliz com isso, seríamos felizes. E então eu penso: que coisa! Então eu não estava errado, e sim ela, agora estou confuso, e foda-se o sentido disso, tudo vai ser o mesmo, vamos casar. É tão estranho, visto que á moramos juntos a 7 anos, se não contarmos a pausa de 6 meses, talvez seja apenas um motivo para festa e viagens.



Dezenove anos depois nos encontramos discutindo na área de serviço, mais uma vez seriamente. Alguns minutos depois estava pegando as minhas coisas, saindo de casa, e então só nos encontramos de novo no decorrer do processo doloroso do divórcio para resolver coisas a respeito do processo doloroso do divórcio, que não foi tão doloroso pois não tivemos filhos. Eu particularmente desejei ter tido um ou dois, durante os anos posteriores, assim saberia dela, como vive, teria uma desculpa para vê-la. Mas por que tenho que arranjar desculpas para ver alguém que amei e com quem convivi por vinte e oito anos? Então eu a procurei, encontrei a sua casa, foi fácil, amigos em comum, ela tinha um namorado, conversamos amavelmente, oh, como eu sentia a sua falta, talvez ela sentisse a minha, relembramos os velhos tempos sem mencionar romances ou namoros, apenas fatos, lugares visitados, festas de amigos, lamentamos a morte da minha mãe, e ela tentava fazer com que a umidade extra que surgia em seus olhos não se acumulasse e descesse, e então piscava todo o tempo. E então eu fui embora. Fiz isso mais umas 5 vezes antes do final da vida. Mas um dia a gente morre, desejei vê-la mais uma vez, mas tudo o que vi foram alguns amigos e a enfermeira simpática.